Ganhadora da Prata teve vida muito difícil depois de gravidez precoce
A vida da manicure Elzileide Sampaio deu uma guinada quando tinha 14 anos e chegou em casa com a notícia de que integrava as estatísticas de gravidez precoce brasileira. “Meu pai só faltou matar a minha mãe, achando que ela não havia cuidado bem de mim”, lembra ela, que ainda hoje, passados quase 10 anos, não pode dizer que superou de todo o problema iniciado com a maternidade. Uma prova de que nem tudo são flores na vida dela é que mais uma vez teve que parar de estudar este ano, quando cursava o 2º ano do ensino médio.
Foram muitas idas e voltas desde o dia em que a mãe a chamou para uma conversa séria, dizendo-lhe que Elzileide teria todo o seu apoio desde que não aparecesse com outra barriga. “Primeiro, tentei me enfiar na casa da sogra, mas não deu certo”, lamenta. O primeiro fracasso da relação não impediu que tentasse reconquistar o amor do primeiro e grande amor de sua vida. Tampouco se sentiu inibida pelo fato de o pai de sua filha jamais convidá-la para morarem juntos. “Eu sempre levava roupa quando ia dormir lá e ia ficando até a gente brigar de novo.”
Houve uma época em que, desiludida, casou-se com um outro homem. “Mas também não deu certo”, admite. Foi nesse período que resolveu sacrificar a escola, pois, desconcentrada, perdeu dois anos seguidos. “A matéria não entrava na minha cabeça.” O trabalho como vendedora pareceu uma solução mágica principalmente depois que o pai da filha atendeu a seus apelos e construiu um puxadinho na casa da sua mãe. “Tudo que sobrava eu investia naquele quarto e sala, que ficou uma gracinha.” O charme do lugar terminou ajudando numa nova e definitiva reconciliação.
Do chão não passa
A filha de Elzileide é tão levada quanto ela própria foi, como se pode perceber pela história que ela contou sobre o jamelão do quintal da casa em que nasceu e se criou. Na história, que remonta à infância de Elzileide, ela aproveitou uma sesta da mãe para subir na árvore com uma vizinha. A árvore era alta e, para chegar ao topo, ela fez um pit stop na laje, de onde era mais fácil chegar aos galhos mais altos. “Deitei no galho e me danei a comer jamelão.” Foi nesse momento que a vizinha gritou: “Você vai cair, menina!” A resposta de Elzileide não podia ser mais pedante. “Do chão não passa!”
Ela não lembra o que aconteceu até o momento em que abriu os olhos e deu de cara com um tronco com um galho para cima, uma vala e um monte de vergalhão. “Eu caí no único lugar que podia.” Mas ela não deu sorte de ter saído daquela queda apenas com uma fratura no braço. “Quando minha ia me bater, um vizinho falou de um primo que levou uma queda de uma mangueira e morreu depois que a mãe deu uma surra nele.” Foi o suficiente para que a mãe contivesse os ânimos e a levasse para o pronto-socorro.
A história dessa queda ia ser encenada pela turma A da Prata, o que fez com que entrasse nervosa na Vila Olímpica. Mas na saída sorria de orelha a orelha com as 10 horas de internet grátis na lan house do bairro e, principalmente, o MP4.
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